Governança ESG: um ativo estratégico para empresas do setor logístico

Nas últimas décadas, o conceito de sustentabilidade empresarial evoluiu de um compromisso simbólico para uma exigência estratégica. Em setores intensivos em infraestrutura e operações, como o logístico-portuário, a adoção de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) passou a influenciar diretamente o acesso a capital, à competitividade internacional, ao licenciamento, à permanência em cadeias globais […]

  • 25/09/2025
  • 9 minutos

Nas últimas décadas, o conceito de sustentabilidade empresarial evoluiu de um compromisso simbólico para uma exigência estratégica. Em setores intensivos em infraestrutura e operações, como o logístico-portuário, a adoção de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) passou a influenciar diretamente o acesso a capital, à competitividade internacional, ao licenciamento, à permanência em cadeias globais e, principalmente, à legitimidade da atuação diante da sociedade.

Empresas que estruturam sua governança ESG de forma transversal e integrada não apenas reduzem riscos — elas criam valor. Valem-se de dados, cultura ética, transparência e responsabilidade social para operar com resiliência, inovação e reputação positiva. No Brasil, companhias como a Wilson Sons vêm se destacando por integrar princípios ESG aos seus processos decisórios e práticas operacionais, demonstrando que governança é um vetor de sustentabilidade com impacto direto nos resultados.

Esse novo paradigma se impõe em um momento em que o setor logístico enfrenta pressões crescentes por parte de reguladores, investidores e clientes globais. A governança ESG, quando aplicada com seriedade, permite antecipar riscos físicos e de reputação, adaptar o modelo de negócio aos compromissos climáticos e promover inclusão de forma estruturada, o que amplia a capacidade de geração de valor no longo prazo.

O que significa uma governança ESG robusta?

Governança ESG é a espinha dorsal da sustentabilidade corporativa. Trata-se do conjunto de políticas, estruturas, processos e controles que asseguram que os compromissos ambientais e sociais de uma organização sejam efetivamente aplicados, monitorados e ajustados conforme riscos, oportunidades e mudanças no contexto de negócios. Para que ações ambientais e sociais não fiquem restritas à comunicação institucional ou à atuação isolada de áreas específicas, é preciso que a governança estabeleça as bases para que esses temas se tornem compromissos de longo prazo, com indicadores, responsabilização e governança institucionalizada.

No setor logístico, a governança ESG precisa considerar ainda a natureza crítica das operações, que impactam não apenas os resultados econômicos, mas também a segurança de trabalhadores e comunidades, a fluidez do comércio internacional, e a integridade dos ecossistemas. Uma governança eficaz deve, portanto, integrar diferentes domínios, desde o planejamento estratégico até a manutenção de ativos e o relacionamento com partes interessadas.

Na prática, isso exige conselhos e comitês engajados, políticas claras, sistemas de reporte, cultura de integridade e processos que garantam transparência e accountability. E, cada vez mais, investidores, clientes, seguradoras, certificadoras e o próprio Estado exigem evidências dessa estrutura para manter relações comerciais ou permitir acesso a capital.

Estrutura de governança ESG na prática: o caso Wilson Sons

A Wilson Sons tem consolidado uma governança ESG integrada e transparente. A companhia adota um modelo estruturado que contempla seu Conselho de Administração com visão estratégica de sustentabilidade, apoiado por um Comitê de Sustentabilidade e Riscos que monitora continuamente os principais temas da agenda ESG. Este comitê é responsável por orientar políticas corporativas, revisar riscos materiais, validar planos de ação e assegurar que temas como diversidade, transição energética, ética e impacto ambiental sejam tratados com a devida prioridade institucional.

Há ainda uma estrutura executiva dedicada, com áreas específicas para ESG, compliance, diversidade, riscos, integridade e auditoria interna, que garantem que as diretrizes estabelecidas nos níveis superiores sejam implementadas com consistência em todas as unidades de negócio. A empresa conta com uma Política de Sustentabilidade Corporativa que é atualizada periodicamente e norteia a atuação em temas ambientais, sociais e de governança, em alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e aos princípios do Pacto Global.

O processo de materialidade da companhia, conduzido com stakeholders internos e externos, define os temas prioritários de atuação com base na relevância estratégica e no potencial de impacto para o negócio e a sociedade. Os temas definidos passam a orientar o planejamento estratégico, os planos táticos das áreas e as metas de desempenho individuais e coletivas, reforçando a transversalidade da agenda ESG na organização.

Integridade como prática sistêmica

A base da governança é a integridade. E no setor logístico, que lida diariamente com contratos públicos, agentes reguladores, fronteiras alfandegárias e múltiplos stakeholders, operar com ética e conformidade é um imperativo.

A Wilson Sons mantém um programa de integridade consolidado e maduro, com um Código de Conduta atualizado, acessível e praticado. Todos os colaboradores passam por treinamentos regulares em temas como anticorrupção, conflito de interesses, conduta ética e assédio. Há um canal de denúncias independente, administrado por uma empresa externa, que assegura sigilo, imparcialidade e proteção contra retaliações.

Casos reportados são tratados por um Comitê de Ética e Conduta, com procedimentos claros e tempos definidos. Em 2023, todos os casos recebidos foram analisados e, quando necessário, resultaram em medidas corretivas, reforçando a cultura de responsabilidade e justiça. Além disso, fornecedores e parceiros estratégicos passam por avaliação de integridade, incluindo cláusulas contratuais, verificação de histórico e, em alguns casos, due diligence reputacional.

Essa prática sistêmica cria um ambiente de confiança, fortalece relações institucionais e protege a empresa de riscos jurídicos e reputacionais. O reconhecimento por instituições externas, como o selo Pró Ética da CGU e o Prêmio Transparência ANEFAC, reforça a credibilidade dessa atuação.

Relatórios, métricas e confiança baseada em dados

Transparência é a base da confiança. E empresas que desejam liderar na agenda ESG precisam não apenas agir corretamente — mas comprovar com dados, regularidade e consistência. A Wilson Sons publica anualmente seu Relatório de Sustentabilidade, com base nas diretrizes do GRI, integrando também princípios do Pacto Global, métricas do SASB – Sustainability Accounting Standards Board e recomendações da TCFD -Task Force on Climate-related Financial Disclosures. O relatório é auditado e disponibilizado ao público, reforçando o compromisso com a prestação de contas.

No campo ambiental, a companhia divulga suas emissões de escopo 1 e 2, indicando também a intensidade por tonelada movimentada. Em 2023, a Wilson Sons reduziu em 4% suas emissões absolutas, mesmo com o aumento da atividade, resultado de ganhos operacionais, eletrificação de ativos e uso crescente de energia renovável certificada. O relatório também detalha os investimentos em eficiência energética, autogeração solar, modernização da frota de rebocadores e digitalização de processos.

Na dimensão social, o documento traz dados sobre representatividade de gênero, raça, pessoas com deficiência e LGBTQIA+, tanto em cargos operacionais quanto em posições de liderança. O crescimento da presença feminina, a criação de comitês de diversidade e os programas de inclusão produtiva para jovens e comunidades do entorno são apresentados com indicadores, metas e resultados.

Além disso, são divulgados os índices de clima organizacional, horas de capacitação, rotatividade, ações de saúde mental e bem-estar. No campo da integridade, a companhia reporta o número de casos recebidos em seus canais de denúncia, o tempo médio de resposta, o tipo de sanções aplicadas e as ações de prevenção realizadas. Todos os dados são organizados em séries históricas, permitindo análise de tendência e aprimoramento contínuo.

Essa abordagem baseada em evidência, aliada à governança robusta que a sustenta, transforma o relatório em uma ferramenta de gestão — e não apenas de comunicação. A governança ESG da Wilson Sons se consolida, portanto, como uma estrutura estratégica, transversal e confiável, que permite à empresa operar com visão de futuro, responsabilidade social e compromisso com o planeta.

A experiência mostra que governança não é sobre controle excessivo ou burocracia. É sobre confiança, coerência e capacidade de sustentar decisões complexas com base em valores. Em um setor cada vez mais desafiador, essa governança será, cada vez mais, a base da competitividade.

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