Economia Azul: por que o mar é central para o desenvolvimento sustentável do Brasil?

Na virada dos anos 2000, o mar voltou ao centro da estratégia econômica, ambiental e política dos países com vocação costeira. Em um mundo marcado pela transição energética, busca por segurança alimentar, demanda por fontes renováveis e necessidade urgente de descarbonização, a chamada Economia Azul ganha contornos cada vez mais estratégicos e, no caso brasileiro, […]

  • 14/08/2025
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Na virada dos anos 2000, o mar voltou ao centro da estratégia econômica, ambiental e política dos países com vocação costeira. Em um mundo marcado pela transição energética, busca por segurança alimentar, demanda por fontes renováveis e necessidade urgente de descarbonização, a chamada Economia Azul ganha contornos cada vez mais estratégicos e, no caso brasileiro, se impõe como prioridade nacional.

Com mais de 8 mil quilômetros de litoral, uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE) de 4,5 milhões de km² e uma base industrial marítima consolidada, o Brasil tem no mar uma de suas maiores oportunidades de crescimento sustentável. O conceito de Economia Azul, defendido por organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU), propõe um modelo de desenvolvimento que equilibra exploração econômica, conservação ambiental e inclusão social nas áreas costeiras e oceânicas.

Este artigo analisa como o Brasil vem estruturando sua visão sobre a Economia Azul, quais setores compõem esse ecossistema e como empresas do setor marítimo e portuário, como a Wilson Sons, contribuem para a construção de um futuro que reconheça o oceano como vetor de inovação, competitividade e preservação.

Entendendo o conceito de Economia Azul

A Economia Azul é uma extensão do conceito de desenvolvimento sustentável aplicado ao oceano. Diferente da economia tradicional, que muitas vezes explora os recursos naturais com foco exclusivo em crescimento econômico, a Economia Azul busca integrar rentabilidade com conservação dos ecossistemas marinhos e melhoria da qualidade de vida das populações costeiras.

Ela inclui setores como:

  • Transporte marítimo e portos;
  • Aquicultura e pesca sustentável;
  • Energia renovável offshore (eólica, maré, ondas);
  • Turismo costeiro responsável;
  • Biotecnologia marinha;
  • Mineração em alto-mar (com critérios ambientais);
  • Conservação e serviços ecossistêmicos marinhos.

A proposta é desenvolver todos esses setores com base em inovação, ciência e políticas públicas que evitem a degradação ambiental, gerem empregos e contribuam para a resiliência climática. A Economia Azul é, portanto, uma resposta sistêmica aos desafios do século XXI.

Portos como motores da Economia Azul

Portos são pontos de convergência da economia terrestre com a economia oceânica. Eles concentram cadeias logísticas, geram emprego qualificado e são plataformas de exportação de produtos brasileiros. Também são locais de interação sensível com o meio ambiente marinho e com comunidades costeiras.

Nesse contexto, a gestão portuária moderna precisa equilibrar performance logística com responsabilidade ambiental e social. Terminais como os da Wilson Sons, em Salvador e Rio Grande, demonstram que é possível conciliar inovação, eficiência e sustentabilidade no ambiente portuário.

O Tecon Salvador, por exemplo, adota sistemas de monitoramento de emissões, uso racional de energia elétrica e controle de águas pluviais. Localizado no coração da Amazônia Azul, o terminal também se relaciona com as comunidades vizinhas por meio de projetos educacionais e programas de qualificação profissional, ampliando o impacto positivo da atividade portuária na economia regional.

No sul do país, o Tecon Rio Grande se destaca pelo investimento em pavimentação de alta refletância solar, infraestrutura eficiente e sistemas automatizados de gate que reduzem emissões e tempo de espera de caminhões. A estrutura intermodal do terminal permite maior previsibilidade na operação e diminuição do impacto logístico sobre o território urbano.

Ambos os terminais operam com foco em segurança operacional, redução de emissões e relacionamento comunitário. Isso os insere na lógica da Economia Azul como plataformas que não apenas movimentam carga, mas também geram valor compartilhado.

Transição energética e energia offshore

A transição energética global exige a ampliação da oferta de fontes limpas e renováveis. O mar é um espaço promissor para a geração de energia por meio de usinas eólicas offshore, que já são realidade na Europa e avançam em países como China, Reino Unido, EUA e Japão.

No Brasil, os primeiros projetos de energia eólica em alto-mar estão em fase de licenciamento. Segundo o Instituto Brasileiro de Óleo e Gás (IBP), há mais de 170 GW em projetos cadastrados junto ao Ibama e a costa brasileira apresenta potencial técnico elevado para geração eólica offshore, com destaque para o Nordeste.

A energia do mar também pode ser extraída por meio de correntes, ondas e marés, além da utilização do gradiente térmico oceânico. Embora essas tecnologias ainda estejam em fase piloto, o Brasil possui universidades, centros de pesquisa e uma base industrial que podem acelerar sua adoção.

Por óbvio, a estruturação desses empreendimentos exigirá a presença de rebocadores, embarcações de apoio, bases logísticas, terminais e integração com a malha elétrica terrestre, criando uma nova frente para o setor marítimo e portuário.

Biotecnologia marinha e inovação azul

O mar também é fonte de matéria-prima para medicamentos, cosméticos, nutrição, fertilizantes e até polímeros biodegradáveis. A biotecnologia marinha é uma das fronteiras mais promissoras da Economia Azul e demanda investimentos em pesquisa, centros de bioprospecção e cooperação internacional.

No Brasil, universidades como a UFRJ e USP têm linhas de pesquisa voltadas para microalgas, organismos extremófilos e bioativos marinhos, que podem ser um caminho para acelerar o desenvolvimento sustentável.

A Wilson Sons, por meio de seu hub de inovação Cubo Maritime & Port, já atua na aproximação com startups e universidades, criando um ambiente propício para o surgimento de soluções alinhadas aos princípios da Economia Azul. A digitalização de processos, a automação portuária, o uso de big data e o monitoramento ambiental em tempo real são ferramentas que já vêm sendo aplicadas com sucesso.

Um exemplo disso é o recente uso inédito no Brasil de diesel verde em rebocadores. Aprovado pela Agência Brasileira do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Wilson Sons e seus parceiros, Efen e Porto do Açu, concluíram o primeiro teste bem sucedido de uso do diesel verde em rebocadores em meio a uma operação de movimentação de líquidos realizada no Terminal de Granéis Líquidos do Açu (TLA), da Vast Infraestrutura em São João da Barra (RJ).

“Nossa agenda de descarbonização não inclui apenas a construção de rebocadores mais eficientes, mas também a redução do impacto ambiental de nossa frota de mais de 80 embarcações”

Marcio Castro
Diretor executivo de Rebocadores da Wilson Sons

Reconhecer o oceano como um vetor de inovação, competitividade e preservação é mais do que uma aspiração: é uma necessidade estratégica para um país como o Brasil, cuja identidade, economia e desenvolvimento estão intrinsecamente ligados ao mar. Ao estruturar sua visão sobre a Economia Azul, o Brasil dá um passo importante para alinhar sua vocação marítima com as diretrizes globais de sustentabilidade e progresso tecnológico.

Ao contribuir para uma infraestrutura logística mais inteligente e resiliente, a Wilson Sons apoia a construção de um futuro azul. Um futuro no qual o oceano não é apenas um recurso a ser explorado, mas uma força propulsora para um novo modelo de desenvolvimento mais integrado, responsável e conectado ao planeta.