Automação logística: o presente em movimento, o futuro em construção
Em um cenário global onde eficiência, conectividade e sustentabilidade são mais do que tendências, a logística portuária brasileira avança para um novo estágio de maturidade. Impulsionado por um crescimento contínuo no comércio exterior, que movimentou mais de 1,3 bilhão de toneladas, em 2024, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), o Brasil começa a […]
- 16/06/2025
- 10 minutos
Em um cenário global onde eficiência, conectividade e sustentabilidade são mais do que tendências, a logística portuária brasileira avança para um novo estágio de maturidade. Impulsionado por um crescimento contínuo no comércio exterior, que movimentou mais de 1,3 bilhão de toneladas, em 2024, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), o Brasil começa a se reposicionar estrategicamente no mercado internacional. E, nesse novo ciclo, a automação surge como um dos principais vetores de transformação operacional e cultural.
Com mercados globais cada vez mais integrados, a capacidade de gerar valor se tornou imprescindível. “Estamos atravessando um ponto de inflexão. O setor está sendo redesenhado por tecnologias que tornam a operação mais segura, conectada e previsível. Mas essa transformação exige visão estratégica, investimento contínuo e, principalmente, profissionais qualificados”, afirma Giovanni Phonlor, diretor de operações da divisão Tecon Rio Grande da Wilson Sons.
No terminal de contêineres operado pela Wilson Sons, no sul do País, essa visão já se traduz em prática. Sistemas de agendamento eletrônico de caminhões, controle automatizado de acesso, sensores para rastreamento em tempo real e dashboards integrados têm ampliado a capacidade de resposta operacional do terminal e elevado seus níveis de eficiência. “Hoje, conseguimos antecipar demandas e ajustar os recursos com agilidade, baseando decisões em dados concretos. Isso muda completamente a lógica da operação.”
Além dos avanços operacionais, o executivo enxerga um horizonte estratégico mais amplo: transformar o Cone Sul da América Latina em uma plataforma logística de classe mundial com o uso de ferramentas digitais. “A automação já não pertence ao campo do futuro, ela é realidade no presente”. Confira a entrevista.
A automação como solução
Embora o Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR) tenha registrado um crescimento de mais de 7,5% nos terminais de contêineres brasileiros, em 2023, o Brasil ainda enfrenta gargalos logísticos históricos. Segundo a consultoria Bain & Company, o País perde mais de US$2,3 bilhões ao ano com atrasos logísticos e custos de demurrage, por exemplo. Em um ambiente como esse, a automação não é apenas uma escolha estratégica, é uma exigência operacional.
“Melhorias operacionais, embora tecnicamente sofisticadas, só são possíveis quando há uma combinação entre estratégia corporativa, cultura de inovação e equipes capacitadas. É justamente esse tripé que tem guiado a transformação da Wilson Sons”, afirma Phonlor, ao citar o alto nível de engajamento da companhia com o tema. “A logística do futuro é orientada por análise de dados, por estratégia e por capacidade de adaptação”.
Com localização estratégica, o Tecon Rio Grande tem a capacidade de operar 1,4 milhão de TEU (unidade equivalente a vinte pés) e receber embarcações Neo-Panamax com seus 900 metros de cais. Desde 2016, a Wilson Sons vêm realizando investimentos expressivos em tecnologia no terminal gaúcho, posicionando-o como o mais automatizado do País e a melhor alternativa para transbordo do Cone Sul da América Latina. A automação do gate, do cais, de vistorias de container e também de processos administrativos, são exemplos de atividades que atualmente possuem elevados níveis de automação:
“O mais recente passo que demos foi a automação na beira do cais, quando implantamos sistemas de Inteligência Artificial (IA) com OCR (Reconhecimento de Caractere Óptico) para confirmar o container a bordo do navio e no terminal tractor. Atualmente, só há 2 terminais no Brasil que operam com este nível de automação e o Tecon Rio Grande é um deles”.
Essa novidade representa também ganhos de segurança operacional, salvaguardando agentes que antes ficavam no pátio para conferência de dados do container. “Mesmo com todos os recursos de segurança disponíveis, nosso compromisso é ir além, utilizando a tecnologia para garantir ainda mais cuidado e proteção aos nossos colaboradores e parceiros”, garante o executivo.
Para os colaboradores, a capacitação tem sido a chave para acompanhar o ritmo das transformações da chamada logística 4.0. O curioso é que, mesmo em um setor da economia marcado pela diversidade geracional, a resposta frente às novas tecnologias tem sido positiva independentemente se estamos falando de gerações mais jovens ou mais experientes.
“Quando conversamos com operadores experientes, com mais de 20 anos de profissão, não enxergamos resistência para incorporar novas tecnologias. Ao contrário, eles estão muito animados e adotam com facilidade, porque percebem como a tecnologia é capaz de proporcionar melhores condições de trabalho”.
Estes avanços em automação e eficiência operacional no Tecon Rio Grande têm repercussões que vão além da logística e já se refletem em resultados concretos de sustentabilidade. Com a redução do tempo de operação das embarcações e a otimização dos processos de movimentação de cargas, as tecnologias adotadas contribuem para a diminuição no consumo de combustível e, consequentemente, na emissão de gases de efeito estufa. “Estamos atravessando um ponto de inflexão. O setor está sendo redesenhado por tecnologias que tornam a operação mais segura, conectada e previsível “, comenta o executivo.
A adoção de energia 100% renovável, certificada pelo selo internacional I-REC, também tem sido determinante para neutralizar as emissões associadas ao consumo elétrico do terminal. Iniciativas como a instalação de painéis solares, a modernização completa do sistema de iluminação com tecnologia LED e o monitoramento em tempo real de equipamentos garantem uma operação com menor impacto ambiental, alinhados a uma estratégia carbono zero. Combinados, esses fatores desenham um novo modelo de operação portuária: mais segura, eficiente e ambientalmente responsável.
Uma nova ambição para a logística brasileira
Além dos avanços técnicos e operacionais, a Wilson Sons enxerga um horizonte estratégico mais amplo, transformar o Cone Sul em uma plataforma logística de classe mundial. Com localização privilegiada, conexões intermodais em expansão e sinergias comerciais crescentes com mercados como Estados Unidos, Europa e China, o sul do Brasil pode se consolidar como elo essencial entre a produção latino-americana e o comércio global, agregando cargas da Argentina e do Uruguai.
Nesse processo, o papel do Tecon Rio Grande é central. Com infraestrutura robusta, equipe altamente treinada e integração digital avançada, o terminal reúne as condições para se tornar um hub de exportação e importação de alta performance, inovando a conexão do Brasil com o mundo. “Temos uma operação que combina capacidade técnica, inteligência analítica e agilidade de execução. Estamos preparados para aumentar nossa relevância regional e atrair novos fluxos de carga”, explica Phonlor.
Os investimentos privados têm sido acompanhados por um ambiente público mais aberto à inovação. Em 2024, o Governo Federal anunciou o novo Plano Nacional de Logística com foco na desburocratização de processos portuários e ampliação da conectividade digital dos terminais. A integração entre Receita Federal, ANTAQ, armadores e operadores privados passa a ser um componente essencial para que o Brasil possa competir em pé de igualdade com grandes hubs internacionais como Roterdã, Xangai ou Singapura.
“Estamos construindo uma logística ainda mais segura, inteligente, sustentável e conectada. A automação é parte disso, mas o que nos move é o propósito de entregar valor com excelência. E isso só é possível quando tecnologia e pessoas caminham juntas”.
Essa visão integrada, que conecta eficiência operacional, responsabilidade socioambiental, inovação e talento humano, tem guiado a atuação da Wilson Sons em todo o Brasil. Com uma das maiores frotas de rebocadores da América Latina e atuação consolidada em terminais no sul e no nordeste, operações offshore e logística integrada, a companhia se posiciona como uma das protagonistas da nova economia portuária. O futuro da logística já está em movimento, e, nele, o presente da automação ganha escala e profundidade, garante o executivo:
“A automação já não pertence ao campo do futuro, ela é realidade no presente. E para que ela gere impactos duradouros, é preciso uma visão clara sobre seu papel não apenas como ferramenta de produtividade, mas como peça-chave em um ecossistema logístico mais inteligente e preparado”.